27 de setembro de 2014

Cinco principais "evidências" para existência de vida após a morte.

Quando observado desde sua perspectiva teórica, o Espiritismo fornece um panorama admirável, que demonstra os diferentes graus de manifestação da consciências (Espírito). Esses  graus surgem de formas diversas, frequentemente considerados separados do ponto de vista fenomenológico, mas que mostram a operação de um mesmo e único princípio. Esse princípio é independente da matéria, mas está em parcial interação com ela.

Entretanto, os que não conhecem os princípios espíritas e que estão distantes de considerações filosóficas muitas vezes recebem notícias e reportagens sobre uma variedade grande de "fenômenos anômalos". Esse é o caso de uma grande comunidade de interessados nas teses da sobrevivência (1), em diversos países. O livro "Pare de se preocupar! Provavelmente há vida após a morte" (2) de G. Taylor é um exemplo que resume esse estado de coisa. O título define o grau de envolvimento do autor com a tese: o uso do advérbio 'provavelmente' (em itálico) indica que são apenas possibilidades. Cinco dos principais grupos de fenômenos que são considerados por Taylor "evidências" de vida após a morte são:

1 - Experiências de quase morte "verídicas". O qualificativo "verídica" se aplica às experiências de quase morte em que o paciente reporta a observação de fatos e experiência no "plano material" que são posteriormente confirmadas, fatos "verídicos" que ele não poderia ter conhecido de outra forma porque estava passando pela experiência de quase morte;

2 -  Experiências "Peak-in-Darien". Denominação apenas conhecida de "especialistas" em experiências de leito de morte (3). Trata-se de relatos de pessoas nos instantes finais de vida, que descrevem a presença de parentes falecidos, inclusive contatos com parentes considerados ainda "vivos", porém que realmente se encontram falecidos. Isso acontece porque os que se cercam do moribundo ainda não sabem da situação atual do parente recém falecido.

3 - Mediunidade. A conhecida faculdade de entrar em contato com Espíritos, bastante estudada por Kardec.

4 - Fenômenos de leito de morte. Embora seja comum que pessoas que se avizinhem da morte relatem contatos com parentes falecidos ou outras experiências consideradas extraordinárias (EQMs), há relatos de pessoas sãs, que acompanham esses desenvolvimentos, e que também experimentam "visões". Algumas dessas ocorrências envolvem enfermeiros que percebem uma luz irradiada do paciente, que toma toda a sala e que envolve os que nela estão. Há relatos de testemunhas que observam irradiações deixando o corpo do paciente no momento da morte.

5 - Combinações de mediunidade e visão de leito de morte. Experiências de quase morte que são parcialmente descritas por médiuns, ou informações confirmadas por médiuns em apoio ao que pacientes ouviram e viram durante uma EQM. O mais interessante desses relatos semelhantes a EQM através de médiuns é que eles foram compilados muito antes que os fenômenos de EQM se tornassem populares. 

O que falta para que todas essas "evidências" sejam aceitas? Já discutimos aqui bastante que evidências a respeito de um fenômenos nunca são aceitas antes de uma teoria ou explicação. Há inúmeros casos na história da ciência em que fenômenos foram desprezados sumariamente, simplesmente porque não se entendia corretamente seus mecanismos. Dai o cuidado do autor em apresentar a sobrevivência como uma "possibilidade".

Aqui dá-se algo parecido. Portanto, a rota para sua compreensão maior passa pela aceitação tácita dos conhecimento dos mecanismos de produção, dos elementos geradores (Espírito, perispírito, faculdades do Espírito) para então aceitá-los completamente. 

Referências e notas

(1) Teses que se distinguem do Espiritismo em alguns aspectos, mas que guardam com ele alguma relação, a saber, que defendem a sobrevivência da consciência à morte física.

(2) G. Taylor (2013), "Stop Worrying! There Probably Is an Afterlife". Ver http://www.amazon.com/o/ASIN/098742243X/thedailygrail

(3) B. Greyson (2010) "Seeing Dead People Not Known to Have Died: 'Peak in Darien' Experiences",  Anthropology and Humanism, Vol. 35, Issue 2, pp 159–171, ISSN 1559-9167.



10 de setembro de 2014

O singificado maior das crises

Centro de gerenciamento de crises: Não estou certo de que "todo mundo morre" é um bom plano emergencial.
Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste 
mundo denote a existência de uma determinada falta. 
Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito 
para concluir a sua depuração e apressar o seu progresso. 
Assim, a expiação serve sempre de prova, mas 
nem sempre a prova é uma expiação.(...) 
(A. Kardec, ESE, Cap. 5, 
"Bem aventurados os aflitos", Parágrafo 9. 
Uma crise sempre revela uma consequência de algo que não foi feito direito antes ou de ação tomada no passado erroneamente. Sofremos a consequência do passado que vive em nós porque somos seu produto. Sabemos pelos Espíritos que nossas ações hoje têm dois objetivos: o de resolver problemas e atuar sobre acontecimentos presentes, resultando em ganhos ou prejuízos morais e financeiros imediatos, assim como atuar no futuro, onde colheremos sistematicamente ganhos ou prejuízos. 

Como consequência disso, se deixamos de agir hoje com vista ao futuro, ou não colheremos nada ou deixaremos de ganhar algo. Essa é uma das condições para se instalar uma crise. A literatura espiritualista recente adotou a palavra “karma” para designar a conjunção dessas condições passadas que geram hoje resultados negativos. A palavra usada por Kardec foi “expiações”. Embora a diferença enorme nos vocábulos, seu significado é mais ou menos o mesmo, com compreensíveis modificações em relação ao termo original em sânscrito. 

A compreensão maior da vida descreve nossa existência como um “continuum” de dois grandes fluxos: o fluxo dos acontecimentos de nossas ações no plano material e um fluxo de ações e consequências no plano espiritual. Como estamos imersos nas duas realidades, qualquer ação material também tem seu significado espiritual, assim como a influenciação espiritual pode nos levar a exercer determinadas ações materiais. É uma pena que a imensa maioria dos encarnados no globo, por diversas razões, ignore tanto um como outro aspecto; no máximo sentem o tempo escorrer diante de si, incapacitados de inferir qualquer conclusão do fenômeno. Mas, o mais extraordinário a respeito da lei maior é que não é necessário saber de sua existência: ajustes são conseguidos através da dinâmica das crises. 

Emmanuel na obra "Estude e Viva" (Ed. FEB) define as condições para o surgimento das "crises sem dor", que seriam a crises de situação, não necessariamente ligadas à doença:
Temos, porém, calamitosas crises sem dor, as que se escondem sob a segurança de superfície:
- quando nos acomodamos com a inércia, a pretexto de haver trabalhado em demasia...

- nas ocasiões em que exigimos se nos faça o próximo arrimo indébito no jogo da usura ou no ataque da ambição...

- qualquer que seja o tempo em que venhamos a admitir nossa pretensa superioridade sobre os demais...

- sempre que nos julguemos infalíveis, ainda mesmo em desfrutando as mais elevadas posições nas trilhas da Humanidade...
- toda vez que nos acreditemos tão supostamente sábios e virtuosos que não mais necessitemos de avisos e corrigendas, nos encargos que nos são próprios...
Nesses casos, portanto, as condições de aparecimento da crise estão quase que exclusivamente ligadas a questões morais.  Tais situações caracterizam muito o que foi deixado para trás mal feito. Nosso apegos e ilusões criam obstáculos que nos prendem ao passado, que nos impedem a renovação. Mas, a renovação vem inexoravelmente e se manifesta como uma crise da qual, muitas vezes, procuramos fugir, assustados. Durante as crises, os saldos negativos no fluxo espiritual são quitados porque novas perspectivas são geradas para o futuro. A vida verdadeira é a do fluxo espiritual, razão por que o que se perde na matéria em nada faz perder no espiritual. Essa realidade deveria ser suficiente a quem já dispõe de largos conhecimentos a respeito da vida maior. Entretanto, a realidade física é muito forte e nos envolve de tal forma que, muitas vezes, olvidamos o ensinos e as lições superiores.  

Devemos assim considerar as crises como respostas da conjuntura, do “Universo” ou do ambiente às ações que nele operamos. Muitos contra-argumentarão dizendo que se sofre injustamente na vida mesmo sem nada fazer. Porém, “não agir” também é uma espécie de ação e do tipo negativo. Quem quer que espere nada sofrer por não agir certamente sofrerá. As leis maiores esperam que exerçamos ações que permitam, no futuro, a colheita certa. Assim, aquele que esbanja dinheiro e fortuna muitas vezes é obrigado a enfrentar com a falta; o que excessivamente acumula dinheiro é obrigado a lidar com situações que não se resolvem com o dinheiro; o que desafia a saúde se defronta com a doença; o que nada faz tem que se virar para continuar vivo. Mas, não necessariamente o que se enfrenta está ligado à ação negativa feita no passado. O Universo nos empurra para frente todas as vezes que faceamos uma situação nova, tenha ela origem no passado ou não. À conta dos débitos acumulados se somam as lições ainda a serem aprendidas. Portanto, há que se lutar sempre.

1 de setembro de 2014

Algumas considerações sobre a mediunidade e seu uso.

Sabe-se que mediunidade é uma faculdade inerente ao ser humano, que permite a ele entrar em comunicação com os Espíritos (1). Ela é uma capacidade neutra - isto é, não está ligada ao "bem" ou ao  "mal" ou, de outra forma, não depende do bom ou mal uso que dela se faz. Além disso ela não está disponível equitativamente entre todas as pessoas. Variações no organismo faz com que essa capacidade seja exuberante em alguns enquanto que quase imperceptível na maioria.

No passado, médiuns foram tomados em alta conta, assim como perseguidos. É possível identificar traços de personalidades mediúnicas em várias partes da história humana. Por exemplo, no Antigo Testamento, profetas eram consultados e eram chamados também de videntes (ver, por exemplo, Isaías 30:10, I Samuel,  9:18 e 19). Na antiga Hélade, pitonisas eram buscadas para resolver todo tipo de questão ligada à vida particular ou pública dos antigos gregos. O dogmatismo religioso, porém, em várias épocas também perseguiu médiuns que eram considerados portadores de faculdades desconhecidas e diabólicas. Ainda hoje é possível encontrar grupos religiosos que não os compreendem integralmente. Ainda para outros, que não reconhecem a faculdade, médiuns não passam de aproveitadores da fé alheia.

Em geral, a relação com semelhantes intermediários, sempre se deu por meio de algum contrato comercial. Para a maioria das pessoas, o pagamento ao serviço mediúnico pode parecer natural. Entretanto, a verdade de que se fazem portadores não é produzida por eles que a recebem, gratuitamente, de outro lugar. Relações comerciais com a mediunidade são bastante antigas e estão entre os principais entraves para o desenvolvimento pleno dessa capacidade entre os humanos, pela simples razão de que o que trazem não é fruto do labor integral deles próprios, e pelo fato de que eles, os médiuns, não detém  domínio algum da faculdade de que são portadores.

Assim, a mediunidade, pode desaparecer de um momento para outro. Essa é a principal razão para o surgimento da fraude com médiuns que, no passado, chegaram a realizar feitos notáveis. 

Se você ainda recorre à médiuns profissionais para resolver problemas íntimos, é melhor precaver-se por meio de alguns preceitos simples:
  1. Certifique-se da história pregressa dos intermediários que frequentemente se consultar. Ela é o maior atestado de sua excelência como médium. Não acredite em opiniões superficiais e apressadas que te passarem;
  2. Com relação ao pagamento, preste atenção ao que é pedido e ao que é oferecido em troca. Desconfie prontamente dos que exigem altas somas em troca das informações que dizem trazer.
  3. Não se pode forçar o recebimento de informação do além. Frequentemente, tentativas desse tipo podem levar a informações forjadas para satisfazer a quem paga e, assim, receber dinheiro;
  4. Desconfie sempre de médiuns que façam revelações retumbantes e desproporcionais à grandeza dos fatos que ocorrem na sua vida. Você certamente é o principal responsável por ela e deve avaliar racionalmente se as informações passadas corresponde, de fato, ao que você esperaria. Não é que grandes mudanças não possam ocorrer, mas, com a vida pessoal, elas exigem modificações suas antes para que possam se tornar viáveis a longo prazo;
  5. Desconfie de médiuns que dizem estar em contato contato com seres muito superiores a nós. Quase sempre ele - o médium - é pessoa com os mesmos tipos de problemas que nós, ou, frequentemente, até mais graves. O intercâmbio com as esferas elevadas pode acontecer, porém, nunca em condições suspeitas, continuadas e forçadas. Não faz sentido imaginar entidades existentes em um mundo superior e, ao mesmo tempo, submetidas a pedidos pueris de quem está aqui em baixo;
  6. Saiba o que pedir. Verifique com sinceridade se sua dúvida ou pedido não é simplesmente um problema que pode ser resolvida recorrendo-se a profissionais (terapeutas, psicólogos etc) que, talvez, tenham condições muito melhores do que médiuns para te aconselhar; 
  7. Em geral, muitas revelações importantes são espontâneas e vem precedidas por alguns sinais sutis que ocorrerem na sua vida antes e depois da consulta (sonhos, coincidências, mensagens espontâneas recebidas por pessoas inesperadas etc). É preciso que você, que busca ajuda do Além, tenha também sensibilidade e discernimento para receber, por si próprio, esses sinais.
É provável que a perda de algum ente querido te faça aproximar de algum médium. Se esse for o caso, lembre-se também que você poderá receber consolação invocando-os e pedindo ao Alto para receber o benefício. Frequentemente, essa é a postura correta antes que você seja beneficiário de informações do Além.

Acima de tudo, lembre-se que comércio com as esferas mais altas não pode ser estabelecido nas mesmas bases da Terra. O beneficiário deve ter mérito para receber, o que equivale a necessidade de crédito especial. Esse crédito não pode ser comprado a algum preço. Por outro lado, todos temos, em maior ou menor grau, algum tipo de mediunidade. Dessa forma, é possível que você receba, se não tiver já recebido, o benefício, bastando que se encontre predisposto a ouvir as mensagens mais elevadas.

Referências

(1) Médium - (Do latim - medium, meio, intermediário.) - Pessoa que pode servir de intermediária entre os Espíritos e os homens. (O Livro dos Médiuns, II parte - "Das manifestações espíritas", Capítulo XXXII, Vocabulário espírita)