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11 de dezembro de 2011

Entrevista IV - Dra. Ana Carolina Xavier fala sobre o câncer infantil e as consequências da visão espiritualista no trato com a doença.

Apresentamos aqui uma entrevista com a Dra. Ana Carolina Xavier que é professora assistente em hematologia pediátrica e oncologia no Medical University of South Carolina em Charlestown, Carolina do Sul, Estados Unidos, que nos conta um pouco de sua visão  e experiência no tratamento de uma doença como o câncer, principalmente quando ela afeta crianças. Ana Xavier tem Bacharelado e Residência médica pela Universidade de São Paulo, além de Doutorado em medicina pela mesma instituição.

Talvez os leitores já possam imaginar porque escolhemos esse tema dentro do contexto das consequências práticas da visão espiritualista do mundo. Torna-se bastante evidente que é fácil defender uma visão cética em relação à realidade espiritual quando não se passa por um problema que lida diretamente com a ameaça à vida ou, melhor ainda, com a necessidade da  existência da continuidade dela. Devemos analisar, pois os efeitos da visão oposta, a que sabe que aqueles seres que ontem estavam conosco, na esperança de vencerem uma batalha gigantesca contra uma enfermidade que não lhes ouviu os apelos infantis, hoje não mais estão mas que, não obstante isso, continuam vivos.

Ao invés de discutir fundamentos sobre esse ou aquele aspecto do mundo conforme a concepção de mundo adotada, podemos nos perguntar sobre quais seriam as consequências práticas de cada uma delas, sabendo que 'árvores boas produzem bons frutos, enquanto que árvores más produzem péssimos frutos'. Neste caso, preferimos analisar as consequências da visão espiritualista da vida.

Perguntas

EE - 1) Ana, conte-nos um pouco de seu dia a dia e do seu trabalho.

Meu dia a dia no trabalho é bastante interessante. Eu divido minhas atividades entre a clínica e enfermaria, onde passo visita a cerca de 15 a 20 pacientes e supervisiono médicos residentes e estudantes de medicina. A rotina diária da enfermaria pode ser bastante intensa e temos uma estrutura organizada que permite que as coisas funcionem um pouco mais eficientemente. Nosso time é composto não apenas do médico, mas também das enfermeiras, um farmacologista, uma assistente social e uma nutricionista. Cada caso é discutido detalhadamente e cada um contribui com sua experiência e opinião, objetivando o melhor para cada um dos nossos pacientes.

Costumamos ver pacientes com variadas patologias hematológicas ou oncológicas, mas a maioria deles são pacientes com alguma forma de câncer ou pacientes que vão receber transplante de medula óssea. De maneira semelhante ao Brasil, temos também um grande numero de pacientes com doença falciforme.

Na clínica, além dos pacientes recebendo algum tipo de terapia oncológica, tenho 2 sextas-feiras do mês dedicadas apenas a pacientes que completaram quimioterapia há pelo menos 5 anos e estão “oficialmente” curados. Esse é um grupo muito especial de crianças, porque eles são sobreviventes de uma doença que pode ser fatal e de um tratamento bastante intenso, que, muito frequentemente, causa sérios problemas mentais ou físicos que podem se estender pelo resto da vida.

Eu posso ter dias muito bons ou extremamente ruins, quando nada parece dar certo para os pacientes. De qualquer maneira, eu me sinto bastante privilegiada de fazer parte da vida dessas crianças e poder atender a tais grupo de pacientes.

EE - 2) Sabemos que o trabalho do médico, principalmente quando ele escolhe como serviço o atendimento a doentes infantis de câncer, é pontuado de muitas vitórias, mas um número igualmente grande de aparentes derrotas. Como você encara isso?

Esse é uma questão fundamental. Na verdade, todo estudante de medicina ou residente que está seriamente interessado no campo da pediatria oncológica deve avaliar sua própria capacidade de lidar com constantes derrotas no dia-a-dia para tomar a decisão final na escolha da carreira. Você está certo quando diz que temos muitas vitórias: hoje é possível se curar quase 80% das crianças que são diagnosticadas com câncer. O grande problema é que o caminho até a cura é bastante tortuoso e longo, e representa um grande sofrimento não só para a criança, mas como para toda a família e pode durar anos a fio. A derrota maior é obviamente quando perdemos um paciente. Como profissional médico, compreendo bem o problema fisiológico, e me é bastante fácil saber quando as coisas não vão tão bem assim como gostaríamos. O problema é que todo esse processo pode ser emocionalmente desgastante. Quando perdemos um paciente, todos os que estiveram envolvidos no cuidado daquele paciente sofrem muito. A fé individual ajuda bastante. No meu caso, penso que a vida continua e que o sofrimento atual é, como disse uma vez Chico Xavier, um meio para expurgar as culpas que trazemos em nós mesmos, e eles saem dessa vida em uma condição superior àquela em que entraram. Isso me conforta e ajuda, mas mesmo assim, muitas vezes choro bastante…

EE - 3) Como você lida com o processo de separação dos familiares das crianças quando a 'sorte' se coloca contra as expectativas?

Geralmente tento estar por perto. Isso pode ser difícil também, porque não quero interferir naquele momento tão único da família e sua criança. É um balanço delicado, e temos que ser bastante cuidadosos. Na grande maioria das vezes, conheço bem a família e sei de suas crenças e o que pode ou não ser apropriado para uma determinada família. Procuro falar pouco e ficar ao lado deles, porque sei que o momento é de dor intensa. Também tento ir a todos os funerais, mas confesso que algumas vezes não consigo, porque dói bastante. 

É impossível ser absolutamente impassível diante de tamanho sofrimento. O que funciona como uma “vantagem” aqui é o fato de que esses pacientes, na maioria das vezes, passam por um longo período de sofrimento ate o evento final, caso esse seja o destino. Isso é certamente desgastante, mas ao mesmo tempo dá tempo para as pessoas aceitarem o fato de maneira mais pacífica, sem muito do desespero que acentua demasiadamente o sofrimento do paciente. Além do mais, muitas das crianças já sabem que o finzinho delas esta próximo, e muitas vezes, elas avisam.

EE - 4) Você acha que a visão espiritualista do ser humano, aquela que postula a continuidade da vida, pode ajudar no processo de separação?

Sim, certamente. É muito mais fácil acreditar que nos uniremos novamente após a “longa viagem”, como se diz no Brasil. Tambem acredito que os pais, mesmo sem acreditar que a vida continua, anseiam desesperadamente por isso. A Doutrina Espirita tal como conhecemos no Brasil, não é bem divulgada nos EUA, de maneira que o conceito de vida após a morte é um tanto diferente por aqui. Muitas pessoas já me perguntaram o porquê de tamanho sofrimento. Geralmente respondo que, por ser Deus justo, Sua causa deve ser igualmente justa.

EE - 5) Em que grupos de familiares (personalidade ou visão de vida) a dor da separação se mostra menos pungente? Em qual grupo ela é maior?

Acredito que a intensidade da dor de se perder um filho é a mesma para os pais independente do credo ou religião  O que é diferente é a maneira com que as pessoas lidam com a situação. Muito raramente a postura é de completo desespero ou revolta diante dos fatos. A aceitação sem muita revolta é uma característica comum a várias familias que passam pelo problema. Isso acontece porque o curso da doença é bastante prolongado, o que confere tempo para que as pessoas aceitem de maneira um pouco mais pacífica. Muito recentemente tivemos um caso de um adolescente com câncer terminal que faleceu cercado por seus familiares mais próximos e que estavam ao seu lado rezando para que o momento de transição fosse o mais calmo e pacífico possível. Quando ele finalmente expirou, os pais estavam certamente tristes, mas aliviados e agradecidos a Deus pela passagem aparentemente tranquila de seu filho. Diante do fato consumado, muitas vezes os pais querem ver os seus filhos libertos de todo aquele sofrimento.

EE - 6) Você pode nos descrever o comportamento característico de seus pequenos pacientes quando eles sabem do destino que os aguarda, ou seja, no momento em que a separação se mostra inexorável? Tem algum caso especial que gostaria de nos relatar?

Crianças de uma maneira geral são bastante resilientes (1). Elas aceitam as dificuldades de modo mais fácil que adultos. Crianças com doenças crônicas são ainda mais especiais. Acho que intimamente sofrem muito, pois sabem que não podem fazer a maioria das coisas que as outras crianças da mesma idade fazem – como ir a escolar, ou praticar esportes, ou brincar com os amiguinhos. Mas eles entendem, independentemente da idade, que a situação delas é especial naquele momento. 

Crianças com câncer são geralmente altruístas, muito preocupadas com o bem de outras crianças e de sua própria família, e os mais velhos tendem a “fazer de conta” que estão muito bem para acalmar os pais. Quando a doença se torna incurável,  muitas das crianças comunicam à familia que vão morrer, ou que tiveram um sonho em que estavam no céu ou que um anjo veio visitá-las no quarto. Esses fatos são para mim bastante interessantes. 

EE - 7) Você acha que a sua visão espiritualista ajuda você no dia a dia e no trato com seus pacientes? No que ela mais te ajuda?

Sim, sem dúvida. Eu estou completamente consciente de minhas próprias limitações em meu trato diário. Entendo bem que o que define o destino de cada um é algo muito superior a mim mesma. Mesmo ao dar o melhor de mim e oferecer o que há de melhor em termos de tratamento e apoio médico, lido constantemente com derrotas, sem me revoltar ou me sentir ofendida. Além do mais, acreditar que a vida continua e que o sofrimento existe para nos fazer melhor é sempre reconfortante.


EE - 8) Quais os maiores obstáculos, na sua visão, contra a efetiva aceitação da realidade espiritual do ser humano?

Acredito que o maior obstáculo contra a efetiva aceitação da realidade espiritual do ser humano seja nós mesmos. Nós ainda temos dificuldades enormes em aceitar algo que nao pode ser sentido através de nossos 5 sentidos elementares. Ainda precisamos sentir em nossa pele o abraço daquele filho ausente, ouvir a voz da filha distante para acreditar que aqueles que se foram estão realmente vivos.

EE - 9) Você tem algumas palavras finais para famílias que estejam hoje com pacientes infantis de câncer?

O que eu gostaria de dizer é que me sinto profundamente honrada de poder ajudar no tratamento dessas crianças e suas famílias. Obviamente, não gostaria que ninguém tivesse que passar por isso. A grande maioria dos pais me pergunta o porquê de sua criança ter desenvolvido câncer. Sentem-se culpados e procuram entender no que falharam. Porém, a causa fundamental do câncer é ainda um mistério médico a ser desvendado com a ajuda e permissão de Deus. A aceitação pacífica dos fatos ajuda a compreender melhor o que é preciso ser feito e a providenciar o melhor cuidado para a criança. Além do mais, é muito importante que se comunique com a criança o que esta acontecendo com ele ou ela. Percebo que os pais que tentam esconder o diagnóstico do filho tendem a ter maiores dificuldades no dia a dia. Também acredito que esses momentos terríveis de dificuldades que temos que passar são grandes oportunidades de melhorar a nós mesmos, nossa família, nossas relações e provar o nosso amor aos que estão ao nosso lado. Tenho certeza que no final, de uma maneira ou de outra, todos sairão vencedores. 

Notas

(1) Resiliência (ref. resiliente): diz respeito à capacidade que se tem de lidar com uma situação angustiante, superar obstáculos e vencer dificuldades.  No caso aqui, uma doença.


12 de junho de 2011

Entrevista II - 2/2 - William Bengston e a pesquisa de curas por imposição das mãos (passes de cura)


2a. Parte da Entrevista com o Dr. W. Bengston.

EE 8 - O Sr. acha que o mesmo mecanismo que explique o passe pode estar envolvido em outros tipos de cura a distância (obtido com médiuns de cura como, por exemplo, João de Abadiânia no Brasil)?

WB - Não tenho experiência em comparar técnicas diferentes de cura. As que uso no meu trabalho são difíceis de dominar e exigem compromisso da parte da pessoa sendo treinada. Já ouvi falar de outros métodos que são aparentemente mais fáceis de se praticar. É uma interessante questão saber se diferentes métodos resultam em diferentes resultados.

EE 9 - Franz A. Mesmer (1734-1815) acreditava que um tipo de fluido era trocado entre o passista e seu paciente através do que ele chamou 'magnetismo animal'. O que o Sr. acha desta teoria?

WB - Não há, certamente, troca de um fluido no sentido convencional do termo. E digo mais, não acho que a cura ocorra por qualquer tipo de 'efeito de campo'. Em alguns de meus experimentos, ratos foram curados de câncer, ratos usados como controle foram curados e nada no meio foi afetado. Se as curas resultassem da ação de algum campo, tais resultados não fariam muito sentido.

EE 10 - No Brasil, muitos grupos espíritas usam passes ou a imposição das mãos como prática nascida nos tempos de Mesmer no alvorecer do século XIX. O objetivo é promover o equilíbrio psicológico aos que frequentam reunões espíritas. O Sr. acha que tais práticas - por extensão - podem ter algum efeito no humor dos indivíduos? Se sim, o Sr. acredita que não se pode defender a idéia da sugestão envolvida no efeito?

WB - Acredito fortemente que a imposição de mãos não é apenas para se obter cura de doenças. Já vi e ouvi muitos casos onde a prática pode trazer benefícios psicológicos também. Certamente há muita gente que aprendeu minhas técnicas de passes e que reportam terem experimentado benefícios dessa natureza.

EE 11 - Não obstante todo o sucesso e experiência no assunto, por que tanta gente (particularmente os acadêmicos) não se convenceram ainda?

WB - Gente que ainda não está convencida, não olhou ainda os dados. Nesse ponto, mesmo um cético como eu mesmo, deve concluir que, se formos levar em conta os dados, a questão sobre se ocorre cura ou não não é interessante. A questão realmente importante é sobre o mecanismo, sobre o que aumenta ou diminui a eficácia da cura, sobre se o processo de cura pode ser ensinado, ou seja, questões desse tipo. A questão sobre se você deve acreditar nas curas faz tanto sentido para mim como a questão sobre se você deve ou não acreditar na gravidade. 

EE 12- Na sua opinião, o que se deve fazer para mudar a tendência cética em relação à cura por meio de passes?

WB - Para realmente mudar as coisas, precisamos de aplicações práticas.  Se, por exemplo, a capacidade de cura pode ser armazenada e reproduzida sem a presença do passista, então, talvez ela possa ter aplicações maiores. Se a imposição de mãos estimula algo no corpo, tal como o sistema imune e esse estímulo possa ser reproduzido sem o passista, teremos aplicações bem interessantes. Estamos trabalhando nisso agora.

The Energy Cure: Unraveling the Mystery of Hands-on Healing.
(Título: Cura energética:  desvendando os mistérios da cura pelas mãos) Editora: Sounds True.
Para saber mais (artigos científicos em inglês do Dr. Bengston):

"Spirituality, Connection, and Healing with Intent: Some Reflections on Cancer Experiments on Laboratory Mice." Forthcoming in Lisa Miller (ed.), Oxford Handbook of Spirituality and Psychology. Oxford University Press, 2011. Trad. título: Espiritualidade, Conectividade e cura com intenção: algumas reflexões sobre experimentos de curas de câncer em ratos de laboratório.

"Breakthrough: Clues to Healing with Intention." Edge Science, no.2, January/March 2010, p.5-9. www.scientificexploration.org/edgescience/edgescience_02.pdf. Trad. título: Novidade: pistas a respeito de curas com intenção.

"The Healing Connection: EEG Harmonics, Entrainment, and Schumann's Resonances."Journal of Scientific Exploration, vol. 24, no. 4,Winter 2010, pp. 655-666. (with Luke Hendricks and Jay Gunkelman). Trad. título: Correlação nas curas: Harmônicos de Eletroencefalograma, arrastamentos e ressonâncias de Schumann.

"Anomalous DC Magnetic Field Activity during a Bioenergy Healing Experiment." Journal of Scientific Exploration, vol. 24, no. 3, pp. 397-410, 2010. (with Margaret Moga). Trad. título: Atividade de campo magnético DC anômalo em experimento de curas bioenergéticas.

"Some Patterns of Acceptance of Anomalies." The Explorer, vol.22, no.3, Spring 2009, p.7-9. Trad. título: Alguns padrões de aceitação de anomalias.

"Can Healing Be Taught?" Explore, vol 4(3), pp. 197-200, May/June 2008. (with Don Murphy). Trad. Título: Pode-se ensinar a curar (com as mãos) ?

29 de maio de 2011

Entrevista II -1/2 - William Bengston e a pesquisa de curas por imposição das mãos (passes de cura)

Seria possível aprofundar a questão sobre o efeito da 'imposição das mãos' através de métodos experimentais? O prof. Willian Bengston gentilmente respondeu-nos a um conjunto de 12 questões que serão apresentadas em 2 posts a começar deste. O prof. Bengston é veterano pesquisador do efeito da imposição de mãos (hand-on healing) com funções terapêuticas, tendo já publicado inúmeros artigos científicos sobre o assunto.

Traduzimos abaixo um extrato de sua página pessoal que utilizamos aqui para apresentá-lo.
Willian F. Bengston (Bill) é professor de sociologia no St. Josephs College em Nova York, EUA. Doutorou-se na Universidade de Fordham, Nova York, em 1980. Suas atividades profissionais 'diurnas' incluem métodos de pesquisa e estatística.  
Durante muitos anos, Bill realizou pesquisa com as chamadas 'curas anômalas' e provou a eficiência de uma técnica desenvolvida por ele a partir de um teste experimental controlado com 10 animais e que foi conduzido em 5 laboratórios médicos. Sua pesquisa com esse tipo de fenômeno demonstraram com sucesso curas de tumores mamários induzidos por metilcolantreno em ratos por uma técnica de imposição de mãos que ele desenvolveu. Ele também investigou correlações dessas curas com micropulsações geomagnéticas e harmônicos em EEG (eletroencefalogramas).
O Dr. Bengston não oferece tratamentos de cura, diagnósticos médicos ou quaisquer tipos de consultas relacionadas à saúde ou tratamentos psiquiátricos. Seu tempo e esforço é dedicado a pesquisa sobre curas com as mãos (passes) e educação. 
Dr. Bengston tem publicações no Journal of Scientific Exploration, o Journal of Alternative and Complementary Medicine e a revista Explore. Além disso, deu várias palestras por todos os EUA e Europa. Bill é membro da Society of Scientific Explorarion (SSE) desde 1999 e, presentemente (2011), é seu presidente. Junto com Sylvia Fraser escreveu sobre suas experiências de cura na obra The Energy Cure: Unraveling the Mystery of Hands-on Healing, publicado pela editora Sounds True.
Para mais informações (em inglês), consulte sua página: www.bengstonresearch.com/

OBSERVAÇÃO: Como a 'imposição de mãos' é conhecida pelos espíritas como 'passe' (embora a aplicação para realização de curas seja minoritária), utilizamos os dois termos na tradução de forma equivalente por falta de outra palavra. Assim, onde estiver 'passe', lê-se 'passe de cura'. Termos como 'healer' e 'healee' também foram adaptados para facilitar a compreensão.

Entrevista

EE 1 - Como o Sr. se interessou pelo assunto de cura através das mãos?

WB - Fui atraído ao assunto de cura pelas mãos ao ler sobre uma incrível pesquisa feita por Bernard Grad na Universidade McGill entre 1950 e 1960. Trabalhando com o médium de curas Oskar Estebany, Grad demonstrou a aceleração significativa de crescimento de plantas e cicatrização de feridas em ratos. Tais experimentos me fascinaram, já que deslocavam tais curas do âmbito das piadas de consultório para ambientes mais controlados. Essa pesquisa foi claramente minha inspiração para continuar a pesquisa laboratorial do assunto.

EE  2 - Como o Sr. chegou a conclusão de que esse efeito nada tinha a ver com a fé ou postura religiosa da parte do candidato a passista?

WB - Meus experimentos foram feitos com voluntários que não acreditavam no efeito (incluindo eu mesmo) e que não tinham nenhum conhecimento prévio sobre essas curas ou de que se tratasse de um efeito real. Tais voluntários atuaram sobre indivíduos que também não tinham qualquer crença. Esses indivíduos eram, inclusive, ratos que tinham sido deliberadamente infectados com câncer. Desta forma, as curas foram demonstradas em situações onde nem o passista nem seus alvos tinham qualquer crença.
   
EE 3 - Mas o Sr.  não acha que a fé pode melhorar o desejo ou a intenção e, assim, aumentar o poder de cura por algum tipo de 'efeito de segunda ordem' ?

Já presenciei centenas de casos clínicos de curas por imposição de mãos feitos tanto por gente experiente ou não, sobre pacientes crentes e não crentes. Especulo que, 'se tudo o mais se mantiver igual', tais crenças tem, na verdade, um efeito retardador na eficácia da cura. Acho que a crença induz um tipo de tendência de 'se forçar' , que é uma tentativa de se reforçar a crença existente. Tal esforço traz em cena a mente consciente e o ego que, suspeito eu, não conseguem aumentar o poder de cura. Suspeito que o processo de cura por passes seja semelhante ao processo de cura em circunstâncias mais comuns, e, em tais casos, concentração ou qualquer coisa parecida não é necessária ou mesmo desejável. 

EE 4 - O Sr. acha que qualquer pessoa pode aprender a curar através de passes?

WB - Essa é uma questão interessante. Escrevi um artigo sobre ela em conjunto com um amigo biólogo, Don Murphy, que saiu no jornal Explore em 2008.  Nesse trabalho, salientamos que ninguém tem dados históricos sobre a eficácia de se ensinar os passes. Isto é, embora seja verdade que virtualmente todos os passistas aprenderam sozinhos, não há evidências de que o ensino de uma maneira particular de se realizar o passe melhore o processo de cura. Muita gente ficou enfurecida comigo por causa desse trabalho, que achei bem interessante. Para mim fica claro que existe um monte de crenças (desnecessárias) em torno do processo.

EE 5 - De acordo com sua experiência, qual o mecanismo mais provável envolvido na cura pelas mãos?

WB - Não faço ideia desse mecanismo, essa é a questão crucial! Acho que não se trata de um tipo de 'energia', mas sim troca de informação no processo de cura. Da mesma forma que temos uma quantidade enorme de troca de informação no processos normais biologicos (p. ex., na digestão, supressão de doenças etc), acho que o paciente depleta-se dessa informação de alguma forma durante a doença. No caso do câncer, por exemplo, o sistema imunológico em mamíferos funciona de forma contínua, mas, algumas vezes, o câncer predomina. Acho que o processo de cura por passes pode fornecer essa informação ao corpo que, então, atinge a cura por si próprio.

EE 6 - É possível conseguir o efeito de cura sem impor as mãos?

WB - A cura não parece ser afetada pela distância. Nos experimentos em micropulsações geomagnéticas (com Margaret Moga), obtivemos o mesmo efeito tanto a duas polegadas como a 2 mil milhas de distância. Da mesma forma, animais podem ser curados a grandes distâncias. É um fato interessante também que o poder de cura possa ser armazenado em alguns materiais. Por exemplo, Bernard Grad descobriu que Estebany segurava algodão que, depois, poderia ser usado para obter curas. Trabalho presentemente em alguns experimentos relacionados a isso.


J. Benveniste (1935-2004).
EE 7 - Na resposta da questão anterior, o Sr. disse que o 'poder de cura' pode ser armazenado em materiais. Ele poderia ser armazenado na água? Pergunto isso por que, nos experimentos de Jacques Benveniste, que tiveram como objetivo demonstrar a eficácia de soluções homeopáticas, descobriu-se que os resultados só poderiam ser replicados na presença de certas pessoas. Talvez esse tipo de 'efeito do experimentador' e a cura por meio das mãos tenham alguma causa em comum que, ultimamente, pode ser relacionada à eficácia dos preparados homeopáticos.


Tenho bastante certeza que se pode armazenar essa capacidade na água, embora isso represente um problema metodológico difícil. Em um dos meus experimentos, ratos eram tratados apenas com água desse tipo e foram curados. O problema metodológico é, dada a existência de ressonância conectiva, não sabemos se isso ocorreu por causa da água ou porque os ratos pertenciam ao grupo de geral conectado. Em suma, suponho que a água em si funciona.

Trabalhei com Jacques Benveniste em seu laboratório em Paris. Foi bem interessante. Ele ficou bem chateado quando viu que os efeitos que ele tinha descoberto somente ocorriam quando certas pessoas estavam no laboratório. Disse a ele que isso era uma descoberta incrível com implicações igualmente incríveis, mas ele não se mostrou animado com isso. Acho que ele pensou que o efeito que tinha descoberto era realmente independente do observador.

Continua no próximo post.